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Desde 2000, número de professores de creches que fizeram faculdade passa de 11% para 66%

Desde 2000, número de professores de creches que fizeram faculdade passa de 11% para 66%
20/02/2019

Formação de professores acompanha maior valorização da educação infantil - e compreensão de que creches vão além dos cuidados básicos.

Em 17 anos, a formação dos professores que trabalham nas creches brasileiras mudou radicalmente. O mais comum, em 2000, era encontrar docentes que tinham estudado até o ensino médio, sem fazer uma graduação – caso de 66,4% deles. Cerca de 9% não tinham nem terminado o ensino fundamental.

Em 2017, ano do último Censo Escolar, a situação se inverteu: 66,3% dos professores têm diploma de ensino superior. Um terço do total fez, inclusive, algum tipo de especialização.

Segundo estudiosos consultados pelo G1, os dados do Censo, divulgados anualmente pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), comprovam uma mudança na forma como a creche é vista: não é um local onde bebês e crianças de 0 a 3 anos recebem apenas cuidados básicos. É mais do que isso: está no sistema educacional e tem funções pedagógicas importantes.

Cristina Nogueira, coordenadora do curso de pedagogia no Instituto Singularidades (SP), também reforça a mudança de perspectiva em relação à creche. “Ela nasceu como uma instituição de assistencialismo, para ajudar os pais. Depois, com estudos na sociologia, na pedagogia e na psicologia do desenvolvimento, a creche passou a ir além dos cuidados – e a aprendizagem e o bem-estar começaram a ser valorizados nessa fase”, explica.

Apesar dos avanços, há desafios: existem faculdades de pedagogia de curta duração e sem experiências práticas. Os profissionais formados ainda se deparam com salários baixos, salas de aula superlotadas e falta de infraestrutura em determinadas instituições de ensino.

A seguir, especialistas analisam os avanços e os obstáculos para os professores que atuam nessa etapa de ensino.

Até que período esses professores estudaram?
Analisando o Censo Escolar de 2017, é possível afirmar que o Brasil tinha, no ano passado, 273.639 professores atuando em creches, com as seguintes formações:

0,57% deles estudaram até o ensino fundamental
33% cursaram até o ensino médio
66,3% fizeram uma graduação
Na parcela de 181.668 professores com diploma no ensino superior, 75.522 deles continuaram estudando depois de terminar a faculdade. A maioria fez algum curso de especialização (74.478 docentes, o equivalente a 27% do total de professores brasileiros).

Além disso, há aqueles que ingressaram em pós-graduações stricto sensu – 932 cursam ou já concluíram o mestrado (0,3% do total) e 112, o doutorado.

Em 2000, o Censo mostra que a quantidade de professores formados era muito inferior. De um total de 50.224 docentes de creches:

8,96% tinham o ensino fundamental incompleto, ou seja, abandonaram a escola antes do 9º ano (antiga 8ª série);
13,18% terminaram apenas o ensino fundamental;
66,4%, ou seja, a maioria, estudaram até o ensino médio, sem graduação;
11,43% conseguiram terminar o ensino superior.

os anos 2000, houve um movimento de países desenvolvidos pressionarem os demais para promoverem a formação profissional de quem atua na primeira infância. Antes, os chamados pajens (atendentes) tinham essa visão da parte física e biológica”, explica Maria Angela Barbato Carneiro, professora do curso de educação na PUC-SP.

"As crianças ficavam no berço, não havia diálogo na hora do banho. Estudos foram reforçando a necessidade de um profissional que estimulasse o desenvolvimento social, linguístico e afetivo. Por isso, foi crescendo a porcentagem de docentes formados", completa Maria Angela.

O que a lei diz sobre a formação de professores da creche?
Em 1996, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) passou a estimular que todos os professores tivessem formação em curso superior. Mas, até hoje, o documento permite que, na educação infantil (formada por creche e pré-escola), ainda haja profissionais que tenham estudado até a extinta modalidade “normal” – um tipo de ensino médio no qual o aluno cursava um ano extra para poder atuar em sala de aula.


Mesmo com essa permissão, existe a tentativa de aumentar a porcentagem de professores graduados. Uma das metas do Plano Nacional de Educação (PNE) é garantir a todos os profissionais da educação básica, até 2024, a formação continuada.

“Houve um esforço a nível municipal e nacional para que professores que já estivessem atuando na sala de aula, mas sem formação superior, conseguissem estudar”, diz Beatriz, da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal.

A professora Maria Angela, da PUC-SP, explica que a situação varia conforme o estado. “Naqueles com poucas faculdades e escolas distantes, ainda existe essa realidade de profissionais sem formação”, explica. “Mas em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, por exemplo, a rede pública só contrata um professor efetivo que tenha feito ensino superior.”

Fonte: Site G1. Disponível em https://g1.globo.com/educacao/guia-de-carreiras/noticia/2018/11/14/desde-2000-numero-de-professores-de-creches-que-fizeram-faculdade-passa-de-11-para-66-do-total.ghtml

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